17 de dezembro de 2016

Profecia e divindade - parte 8

2.5. Deus como Pai

Um último ponto que precisa ser mencionado, por estar diretamente ligado à interpretação islâmica de Jesus e à negação de sua divindade, é a questão básica do que a Bíblia quer dizer quando atribui a Jesus o título de Filho de Deus e outros semelhantes. Já toquei nesse ponto no item 2.2, onde procurei mostrar que, segundo o Novo Testamento, Jesus é o Filho de Deus em um sentido que o distingue de qualquer outro ser humano. Ele é o Deus Unigênito, o único filho legítimo, ao passo que todos nós, quando chegamos a nos tornar filhos de Deus, o fazemos através de Cristo, por meio da adoção. É importante ter em mente mais uma vez que a expressão "filho de Deus" não era banal para os antigos judeus como é para a nossa cultura semicristianizada de hoje. Sem essa perspectiva, não entenderemos passagens como esta (João 5.17-18):

"Disse-lhes Jesus: 'Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando'. Por essa razão, os judeus mais ainda queriam matá-lo, pois não somente estava violando o sábado, mas também estava até mesmo dizendo que Deus era seu próprio Pai, igualando-se a Deus."

Esse trecho mostra que, mesmo quando Jesus não usava a expressão "Filho de Deus", as pessoas entendiam que ele estava atribuindo divindade a si mesmo ao se referir a Deus como "meu Pai". Esse pode parecer estranho à primeira vista, porque a metáfora de Deus como pai do povo de Israel é antiga, e inclusive está presente no Antigo Testamento. Mas o escândalo consistia justamente no fato de Jesus usar a primeira pessoa do singular: "meu Pai", e não "nosso Pai". Jesus nunca colocou sua filiação em pé de igualdade com a de nenhuma outra pessoa. Por exemplo, Jesus disse: "Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar" (Lucas 10.22). Quando Jesus dizia que Deus é Pai dele, estava indo além da mera paternidade metafórica de Deus, e além também da simples ideia de Deus como Criador de todas as coisas. Ter um filho significa comunicar uma natureza. Quando geramos um filho, comunicamos nesse ato a natureza humana a esse filho, coisa que não acontece quando fazemos algo com nossas mãos - digamos, uma obra de arte. A obra de arte não é um ser humano; um filho, sim. Da mesma forma, quando Deus Pai criou o mundo, não transmitiu ao mundo sua natureza divina; o máximo que a Bíblia diz é que nós, seres humanos, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26). Mas não somos Deus, ao contrário de Jesus; por isso a Bíblia diz que ele é Filho, e não criatura.

Essas considerações são importantes para o nosso propósito porque o Alcorão nega enfaticamente que seja apropriado se referir a Jesus como Filho de Deus. Em algumas passagens parece que a queixa decorre de uma compreensão simplista e equivocada, pela qual Jesus seria filho de Deus por ter Deus mantido relações sexuais com Maria. Talvez essa compreensão grosseiramente materialista seja, de fato, a ideia que ocorre a muitos muçulmanos, em especial os menos cultos, quando ouvem que os cristãos consideram Jesus o Filho de Deus. E alguns dos que defendem a doutrina cristã contra as críticas islâmicas têm se limitado a desfazer esse entendimento equivocado. Porém, acredito que a objeção que o Alcorão levanta não é tão banal assim. Isso está claro em 19.34-35, em que as seguintes palavras são atribuídas a Jesus: "É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! Quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é. E Deus é o meu Senhor e vosso. Adorai-O, pois! Esta é a senda reta." Note que a questão fundamental é que, segundo o Alcorão, Deus só pode criar, mas não gerar; "basta-lhe dizer: Seja!, e é" é uma clara alusão ao poder criador de Deus, a criação a partir do nada, "creatio ex nihilo". O muçulmano não pode aceitar que Jesus seja chamado legitimamente de Filho de Deus, porque isso sugere justamente essa comunicação da natureza divina, o que faz com que Jesus não seja mais ontologicamente um homem como outro qualquer ("Deus é o meu Senhor e vosso"). Se isso fosse admitido, ficaria destruída a concepção islâmica do monoteísmo, pois estaríamos "associando" outras pessoas a Deus; como vimos no parágrafo anterior, os judeus contemporâneos de Jesus tinham exatamente essa mesma sensibilidade. Mas para o muçulmano a questão é ainda mais grave que para o judeu contemporâneo de Jesus, pois, como mostrei na parte 1, o primeiro está comprometido com uma revelação posterior e superior à de Cristo.

Por tudo isso, o preletor muçulmano fica muito aquém de fazer justiça à questão quando cita diversas passagens bíblicas que tratam da paternidade de Deus e conclui daí que Jesus ensinou uma posição essencialmente islâmica sobre esse tema. Ele chegou a dizer, referindo-se a certa declaração de Jesus, que "qualquer pessoa que disser que não busca sua vontade, mas sim a vontade do Pai, é um muçulmano". Mas essa conclusão não é verdadeira porque, a rigor, não há lugar para a paternidade divina no islã. O simples fato de Jesus ter se expressado nesses termos já revela uma incompatibilidade tremenda entre as visões cristã e muçulmana de Deus e sua relação com a humanidade e com o próprio Jesus. O Alcorão em parte alguma se refere a Deus como Pai, e tampouco essa ideia existe na intuição religiosa do muçulmano comum.

3. Outras questões

Com isso, chego ao fim da minha análise sobre a resposta do preletor muçulmano. Não quero encerrar, contudo, sem fazer dois breves esclarecimentos sobre duas questões que não foram abordadas diretamente, mas que estão de algum modo ligadas ao conteúdo do vídeo. Ambas brotam do fato de que a moça que faz a pergunta ao preletor no início do vídeo se identifica como católica. Sendo eu um cristão protestante, acredito que os comentários a seguir devem ser feitos, ainda que de modo breve, pois tocam em questões pertinentes às dissensões internas da cristandade.

O primeiro comentário é a questão da autoridade. Um dos objetivos do preletor muçulmano em sua resposta é mostrar que a Igreja não se manteve fiel à mensagem de Jesus e ao conteúdo da Bíblia em geral. Como expliquei antes, muitos muçulmanos acreditam que a própria Bíblia foi corrompida, mas o fato é que esse preletor não recorre a essa possibilidade. O importante é notar que, logo no início de sua resposta, o preletor explicitamente coloca em dúvida o ensino da Igreja e chama a um exame do próprio texto bíblico como árbitro supremo da questão. Já forneci longamente os motivos pelos quais não concordo com as interpretações bíblicas dele. Não obstante, sendo eu um protestante teologicamente conservador, concordo com ele que o caminho a ser seguido é esse mesmo. Uma das divergências fundamentais dos reformadores, que os levou para fora da Igreja Católica, era justamente sobre o problema de onde se situaria a autoridade máxima, onde está o referencial infalível. Os reformadores defendiam que conhecemos a vontade de Deus lendo a Bíblia e sendo instruídos pelo Espírito Santo a entendê-la cada vez melhor, de modo que a própria Igreja deveria ser julgada à luz da Bíblia. A doutrina católica, porém, sustentava e continua sustentando que a Bíblia só pode ser interpretada corretamente pela Igreja, e que o Espírito Santo não age à parte dela nesse sentido; nesse sentido, a Igreja não pode e não deve se submeter à Bíblia. Acho importante enfatizar essa diferença para deixar claro que, para um protestante como eu, criticar e rejeitar essa instituição chamada Igreja (ou alguma outra igreja) não equivale de modo algum a criticar ou rejeitar o cristianismo. Não considero nenhuma igreja infalível, incluindo aquela a que pertenço. Minha lealdade, no caso, à Igreja Presbiteriana do Brasil se dá na medida em que ela é fiel à Bíblia; essa fidelidade é imperfeita, é claro, mas considero-a substancial; se no futuro isso mudar, não hesitarei em ir para outro lugar. Dessa forma, protestantes e católicos se relacionam de modo muito distinto com a instituição eclesiástica. É exatamente por isso que grande parte da minha crítica ao preletor muçulmano se deu no terreno da interpretação bíblica, e não em considerações sobre a instituição ou a tradição - embora, é claro, estas tenham seu lugar e papel legítimos. Quando ele ataca a autoridade da Igreja, está tocando em um ponto central para a sua ouvinte católica, mas não tão central para mim.

A segunda questão que não pode ser desconsiderada é o próprio pressuposto embutido na pergunta da moça: ela quer saber por que o fato de ela não ser muçulmana é tão relevante para o seu destino eterno; ela quer saber se o fato de ela ser uma pessoa tão boa não deveria tornar menos importantes essas divergências doutrinárias sobre a identidade de Jesus e coisas do tipo. O preletor muçulmano, na verdade, não respondeu a essa parte da pergunta. E essa resposta também remete, de certa forma, à divergência fundamental que provocou a Reforma. No meu entendimento, os reformadores estavam corretos em sua interpretação da resposta bíblica a essa questão. E a resposta bíblica é simplesmente que a premissa da moça católica está errada: ela não é uma boa pessoa. Não há boas pessoas; os que se consideram fundamentalmente bons estão cegos e iludidos. Sem isso, a mensagem bíblica sobre Jesus não tem a menor importância, pois não há sentido em buscar um Salvador se não sabemos do que é que devemos ser salvos: de nossa própria maldade, que nos torna merecedores de uma justa punição da parte de um Deus santo que necessariamente odeia toda forma de mal. É por isso que Jesus disse: "Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento" (Lucas 5.32). O preletor muçulmano não pôde entender essa parte da pergunta porque a concepção islâmica da natureza humana é fundamentalmente falha. Para o islã, tudo se resume a receber de Deus a orientação sobre como agir, e então agir de acordo com ela. Ele não oferece a solução para o mal humano, porque não reconhece a existência do problema. O catolicismo vai na mesma direção até certo ponto, embora não de modo tão consistente. Apenas o Jesus da Bíblia é capaz não só de diagnosticar de modo correto o problema do homem, mas também de resolvê-lo, oferecendo aquela regeneração verdadeira de nossa natureza que não somos capazes de produzir em nós mesmos. E é por isso que depositar nele toda a nossa esperança é necessário. "Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6.40).

9 de dezembro de 2016

Profecia e divindade - parte 7

2.3. Filipenses 2.5-11

Nesse trecho clássico de uma de suas cartas, Paulo faz uma bela exposição de uma doutrina bíblica importante, relacionada ao que aconteceu com Jesus quando se encarnou, morreu e ressuscitou. Farei alguns comentários em seguida.

"Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai."

Essa passagem afirma claramente a divindade de Jesus e sua igualdade de natureza com o Pai, mas sua importância vai além disso: ela expõe as doutrinas gêmeas de que a teologia sistemática trata sob os nomes de "doutrina da humilhação de Cristo" e "doutrina da exaltação de Cristo". A encarnação foi um ato de humildade e humilhação pelo qual Jesus voluntariamente abriu mão, em certo sentido, de sua dignidade como igual ao Pai. Mas, após sua morte, tendo cumprido com perfeição a obra que lhe fora confiada, Jesus foi novamente exaltado pelo Pai, não apenas por sua ressurreição, nem apenas por ter se tornado Senhor sobre tudo ("Toda autoridade me foi dada nos céus e na terra" foi uma das últimas palavras do Cristo ressurreto no evangelho segundo Mateus, como já mencionei), mas também porque seu nome seria proclamado como tal e assim reconhecido em todas as partes do mundo. A doutrina da humilhação, declarada nesse texto, também esclarece as várias passagens em que Jesus, durante sua vida terrena, se expressou de modo a sugerir algum tipo de inferioridade sua em relação ao Pai, e explica como isso pode ser conciliado com as claras afirmações da plena divindade de Cristo e sua igualdade com o Pai.

2.4. De volta ao vídeo

Depois de ter examinado brevemente esses três textos bíblicos, e outros relacionados que foram citados de passagem, podemos voltar aos argumentos que o preletor muçulmano levantou contra a ideia de que a Bíblia ensina a divindade de Jesus. Eu havia mencionado que os argumentos eram três, dos quais o segundo já havia sido refutado por pressupor equivocadamente que afirmar a divindade equivaleria a negar a humanidade de Cristo. Chamei também a atenção para o fato de que as três partes do primeiro argumento pressupõem que não pode haver subordinação de Cristo em relação ao Pai. Portanto, todas as três partes são refutadas pelo esclarecimento da doutrina da humilhação de Cristo, que acabo de expor e discutir brevemente com base no texto de Filipenses 2: a subordinação ocorrida durante o estado de humilhação é totalmente compatível com a plena divindade de Jesus e sua igualdade com o Pai, e ambas as doutrinas são claramente afirmadas no mesmo texto.

Sendo assim, resta apenas um argumento: o de que Jesus nunca declarou ser Deus. Antes de responder a isso, é interessante chamar a atenção para uma mudança sutil na estratégia argumentativa do preletor. Até aqui ele citou indiscriminadamente textos de diversas partes da Bíblia, não levando em consideração a identidade do autor. Como já apontei antes, em parte alguma ele se mostrou disposto a afirmar (embora muitos apologistas muçulmanos afirmem) que a Bíblia contém erros; ao contrário, sua estratégia argumentativa precisa pressupor a autenticidade e confiabilidade do que a Bíblia declara sobre Jesus. Ao chegar a este ponto, no entanto, ele põe de lado o que outras pessoas afirmaram na Bíblia sobre Jesus e dá a entender que só o que Jesus afirma sobre si mesmo tem validade. Essa mudança de procedimento não vem acompanhada de nenhuma justificativa, e creio que muitos espectadores nem sequer a notaram. Mas o preletor é enfático nesse ponto, chegando a mencionar que as traduções da Bíblia destacam em vermelho as falas do próprio Jesus, distinguindo-as do restante do texto (na verdade, até onde sei, apenas uma edição da Bíblia faz isso).

Acredito que essa mudança tem uma motivação importante: a evidência bíblica de que os apóstolos e a igreja primitiva em geral criam na divindade de Cristo é esmagadora. Nos próprios textos que citei (e muitos outros poderiam ser citados) isso transparece claramente. Um muçulmano não tem como ler a Bíblia sem ficar profundamente incomodado com essas declarações, que conflitam fortemente com a imagem de Jesus que o Alcorão apresenta. Creio que essa dificuldade está por trás da ampla adesão do mundo islâmico à ideia de que os ensinos de Jesus foram mal interpretados e distorcidos pelos discípulos, e de que Jesus, sendo profeta, não poderia concordar com esses desvios. Já mostrei que o Alcorão afirma isso expressamente. Porém, como também já expliquei, dizer claramente que a própria Bíblia contém distorções, embora não seja problemático para a doutrina islâmica, é problemático para esse preletor específico, pois ele tomou a decisão retórica de não questionar a autoridade bíblica ao tentar convencer a jovem católica que fez a pergunta. Nesse contexto, restringir a discussão às palavras ditas pelo próprio Jesus é um procedimento artificial, pois é um modo de eliminar logo no ponto de partida boa parte da evidência bíblica da divindade de Jesus. Mas isso não poderia ser declarado expressamente, pois a eficácia da estratégia de mudança de foco depende justamente da capacidade de ocultar esse contraste; uma vez vindo à consciência, o encanto se desfaz.

Por ser esse um procedimento ilegítimo e arbitrário, considero que a simples constatação de sua existência, somada à evidência que vim elencando nas seções anteriores, vinda de várias partes do Novo Testamento, bastam para mostrar que a Bíblia ensina claramente a divindade de Jesus. No entanto, darei um passo a mais e mostrarei que, mesmo que nos restrinjamos às palavras do próprio Jesus, como quer o preletor muçulmano, ainda encontraremos evidência da divindade de Jesus. Vários exemplos poderiam ser citados, como as referências de Jesus à sua capacidade de perdoar pecados ou sobre sua relação com o sábado. Mas me concentrarei em um único exemplo.


O momento em que a reivindicação de divindade de Jesus me parece mais nítida está registrado em João 8.56-59. Durante uma discussão com os fariseus, na qual eles questionavam a origem divina de seu trabalho, Jesus disse: "Abraão, pai de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-se". Seus antagonistas responderam: "Você ainda não tem cinquenta anos, e viu Abraão?" O espanto deles é compreensível, pois Abraão vivera dois mil anos antes. Mas ficaram ainda mais espantados com a resposta de Jesus: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!" Há intérpretes que tentam diluir o significado dessa afirmação de Jesus dizendo que o que estava em discussão era apenas a idade de Jesus, de modo que ele estava, na verdade, apenas afirmando sua preexistência. Mas essa interpretação não se sustenta, por várias razões. Uma delas é que, se foi isso o que Jesus quis dizer, achou um jeito muito estranho de dizê-lo. Nesse caso, bastaria dizer "antes de Abraão nascer, eu já existia". Mas por que o uso do verbo no presente? A construção pode parecer estranha para nós, mas era familiar aos judeus da época, de modo que Jesus certamente sabia disso e, como bom professor que era, quis dizer exatamente o que sabia que as pessoas entenderiam. Mas o que seria?

A resposta está no Antigo Testamento, mais uma vez. Para ser mais exato, está em Êxodo 3.13-14, quando Deus aparece a Moisés (no famoso episódio da sarça ardente) e promete libertar o povo de Israel da escravidão no Egito. O texto diz: "Moisés perguntou: 'Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: Qual é o nome dele? Que lhes direi?' Disse Deus a Moisés: 'Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês'." Desde então, a expressão "eu sou", sem objeto direto, tornou-se uma reivindicação de divindade. O que Jesus afirmou sobre si mesmo ia muito além de sua mera preexistência. Jesus sabia muito bem o impacto que sua afirmação causaria, e de fato causou, pois João narra o que aconteceu a seguir nos seguintes termos: "Então eles apanharam pedras para apedrejá-lo, mas Jesus escondeu-se e saiu do templo". Para aqueles judeus, Jesus havia acabado de cometer publicamente um ato de blasfêmia, de modo que só lhes restava executar a sentença prescrita na Lei: o apedrejamento do blasfemador. Eles não fariam isso se não lhes parecesse que Jesus havia afirmado ser Deus. E Jesus não teria se expressado mal, muito menos quanto a uma questão dessa importância.