Pouco mais de dois meses atrás, meu velho amigo virtual André Luiz, sujeito com quem já aprendi muito, mas com quem havia perdido contato, por minha culpa, há cerca de um ano e meio, me fez uma agradável visita neste blog, deixando comentários em nada menos que oito posts; alguns com perguntas, outros com sugestões e ideias interessantes. Ocupado e enrolado como sou, não tive ainda tempo de lhe mandar uma resposta decente, embora tenha enviado um e-mail dizendo uma coisa ou outra. Na presente postagem, pretendo responder aos seus oito comentários, na ordem em que foram feitos. É claro que as respostas não são exaustivas, mas creio que servirão ao menos como pontapés iniciais de diálogos potencialmente frutíferos.
1. Em O irracional dos racionalismos - parte 5, o André me recomendou a leitura do livro The Wisdom of Ancient Cosmology: Contemporary Science in Light of Tradition [A sabedoria da cosmologia antiga: a ciência contemporânea à luz da Tradição], de Wolfgang Smith, dizendo: "como o autor fala muitas cousas ligadas a tua área de formação, resolvi te perguntar a respecto dele. Se e quando puder, poderias tecer algumas considerações no teu blog ou por e-mail?"
Sou-lhe muito grato pela indicação do livro, que chegou no preciso momento em que estou reunindo uma bibliografia para iniciar um estudo mais aprofundado desse assunto, bem como de outros ligados à ciência moderna e a uma visão cristã da natureza. Já li alguma coisa do autor, inclusive por indicação do próprio André, e achei bem interessante. O mínimo que posso fazer em retribuição é comentar o livro devidamente. Só não sei se estou devidamente qualificado para fazê-lo neste momento de minha vida. Mas, mesmo que demore um pouco, farei isso.
2. Em O terror das nações - parte 1, post em que critiquei a defesa do governo mundial feita por Jean-François Revel no livro Nem Marx, nem Jesus, o André me disse: "Conheces esta proposta contra a Nova Ordem Mundial?" E colocou um link para o artigo A ideia eurasiana, do professor russo Aleksandr Dugin, traduzida para o português pelo próprio André.
Respondendo à pergunta, eu já havia lido esse artigo, bem como outras coisas escritas por Dugin, bem como de admiradores e críticos. Não é muito, mas dá para ter uma ideia geral. Devo dizer que não simpatizo com a proposta política de Dugin, e tampouco concordo com sua descrição da realidade. Ao mesmo tempo, considero pouco frutífero discuti-la no plano puramente geopolítico. Parece-me que o sistema de pensamento de Dugin tem certo grau de coerência interna, o que significa que seu pensamento político está bem fundamentado em seus pressupostos metafísicos e teológicos ortodoxos e tradicionalistas. A divergência política é apenas uma decorrência lógica dessas divergências em temas mais fundamentais.
3. Em comentário a O futuro do pretérito, post em que tratei do pseudoceticismo de Carl Sagan, o André Luiz me enviou, como "crítica interessante sobre a teoria da evolução", uma citação de Rama Coomaraswamy, autor tradicionalista de quem eu já ouvi falar, mas não sabia que era "geólogo de Harvard e doutor em medicina pela universidade de Nova York". A citação é de fato interessante e, enquanto não descubro de onde saiu, não resisto à tentação de transcrevê-la:
"É extraordinário que tantos cientistas aceitem como fato uma teoria que viola os próprios fundamentos de suas disciplinas. A ciência autêntica nos ensina que o que é maior não pode surgir do que é menor, mas a evolução ensina que o contrário ocorreu repetidamente e ainda está ocorrendo. A ciência nos diz que a Terra está se degenerando (lei da entropia), mas a evolução nos diz que está evoluindo. A ciência diz que nada acontece por acaso. A evolução postula uma série extraordinária de acasos e ignora o fato de que o 'acaso', quando usado neste sentido, nada mais é que a expressão de nossa ignorância sobre as causas envolvidas. A teoria matemática nos diz que a possibilidade de ocorrer um avanço evolucionário é tão remota a ponto de ser impossível (vide Frederick Hoyle), mas a evolução diz que isto aconteceu repetidamente e continua a acontecer. Vemos assim que a evolução não é científica, e tem de ser aceita com 'fé'. Talvez, apesar de tudo, seu lugar próprio seja a teologia..."
1. Em O irracional dos racionalismos - parte 5, o André me recomendou a leitura do livro The Wisdom of Ancient Cosmology: Contemporary Science in Light of Tradition [A sabedoria da cosmologia antiga: a ciência contemporânea à luz da Tradição], de Wolfgang Smith, dizendo: "como o autor fala muitas cousas ligadas a tua área de formação, resolvi te perguntar a respecto dele. Se e quando puder, poderias tecer algumas considerações no teu blog ou por e-mail?"
Sou-lhe muito grato pela indicação do livro, que chegou no preciso momento em que estou reunindo uma bibliografia para iniciar um estudo mais aprofundado desse assunto, bem como de outros ligados à ciência moderna e a uma visão cristã da natureza. Já li alguma coisa do autor, inclusive por indicação do próprio André, e achei bem interessante. O mínimo que posso fazer em retribuição é comentar o livro devidamente. Só não sei se estou devidamente qualificado para fazê-lo neste momento de minha vida. Mas, mesmo que demore um pouco, farei isso.
2. Em O terror das nações - parte 1, post em que critiquei a defesa do governo mundial feita por Jean-François Revel no livro Nem Marx, nem Jesus, o André me disse: "Conheces esta proposta contra a Nova Ordem Mundial?" E colocou um link para o artigo A ideia eurasiana, do professor russo Aleksandr Dugin, traduzida para o português pelo próprio André.
Respondendo à pergunta, eu já havia lido esse artigo, bem como outras coisas escritas por Dugin, bem como de admiradores e críticos. Não é muito, mas dá para ter uma ideia geral. Devo dizer que não simpatizo com a proposta política de Dugin, e tampouco concordo com sua descrição da realidade. Ao mesmo tempo, considero pouco frutífero discuti-la no plano puramente geopolítico. Parece-me que o sistema de pensamento de Dugin tem certo grau de coerência interna, o que significa que seu pensamento político está bem fundamentado em seus pressupostos metafísicos e teológicos ortodoxos e tradicionalistas. A divergência política é apenas uma decorrência lógica dessas divergências em temas mais fundamentais.
3. Em comentário a O futuro do pretérito, post em que tratei do pseudoceticismo de Carl Sagan, o André Luiz me enviou, como "crítica interessante sobre a teoria da evolução", uma citação de Rama Coomaraswamy, autor tradicionalista de quem eu já ouvi falar, mas não sabia que era "geólogo de Harvard e doutor em medicina pela universidade de Nova York". A citação é de fato interessante e, enquanto não descubro de onde saiu, não resisto à tentação de transcrevê-la:
"É extraordinário que tantos cientistas aceitem como fato uma teoria que viola os próprios fundamentos de suas disciplinas. A ciência autêntica nos ensina que o que é maior não pode surgir do que é menor, mas a evolução ensina que o contrário ocorreu repetidamente e ainda está ocorrendo. A ciência nos diz que a Terra está se degenerando (lei da entropia), mas a evolução nos diz que está evoluindo. A ciência diz que nada acontece por acaso. A evolução postula uma série extraordinária de acasos e ignora o fato de que o 'acaso', quando usado neste sentido, nada mais é que a expressão de nossa ignorância sobre as causas envolvidas. A teoria matemática nos diz que a possibilidade de ocorrer um avanço evolucionário é tão remota a ponto de ser impossível (vide Frederick Hoyle), mas a evolução diz que isto aconteceu repetidamente e continua a acontecer. Vemos assim que a evolução não é científica, e tem de ser aceita com 'fé'. Talvez, apesar de tudo, seu lugar próprio seja a teologia..."
Mas o André transcreveu esse trecho para me fazer uma simples pergunta: "Tu concordas que o 'maior não pode sair do menor'?" Num sentido qualitativo, que é evidentemente o pretendido por Coomaraswamy, estou de acordo, sem dúvida.
4. No post Lições de uma noite, em que fiz transcrições e comentários sobre um sermão natalino de Charles Spurgeon, o André destacou o trecho em que o pregador diz:
"Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e a observância dele é puramente de origem papal - sem dúvida os que são católicos têm o direito de reivindicá-lo - mas não posso entender como os protestantes consistentes podem tê-lo de alguma maneira como sagrado."
E, sobre esse trecho, levantou as seguintes questões:
"Mas por que Spurgeon afirma com tanta convicção que não há probabilidade de Nosso Senhor ter nascido na data assignalada? E como assim 'de origem papal'? Se fosse de origem papal, porque então nós, ortodoxos, tão contrários ao papismo, a comemoramos na mesma data?"
Quanto à primeira pergunta, tudo o que posso dizer é que existe entre os protestantes (mas não só entre os protestantes) um lugar-comum nesse sentido, baseado, se não me engano, em considerações sobre os supostos hábitos dos pastores de ovelhas da Palestina. Quanto à validade histórica dessas suposições, nada sei, e muito menos se o meio teológico reformado inglês do século XIX tinha acesso a essas informações (ou equívocos). Desse modo, não posso responder a essa pergunta por pura falta de conhecimento, o qual, por sua vez, deriva de minha falta de interesse no assunto. Mas estou ciente de que alguns defendem a historicidade do nascimento de Cristo em 25 de dezembro, entre os quais o historiador católico Vittorio Messori (aqui), que ganhou meu respeito graças a um livro muito bom sobre o "Jesus histórico".
Quanto à outra pergunta, creio que Spurgeon cometeu de fato uma imprecisão histórica. E esta, por sua vez, é reveladora da falta de conhecimento e de atenção que a cristandade ocidental, principalmente protestante, dispensa às igrejas do Oriente. Eu mesmo sou bastante ignorante quanto à teologia ortodoxa, e esse é um defeito que pretendo começar a corrigir - em parte, talvez, com a ajuda do próprio André. Por outro lado, é certo que as Igrejas Ortodoxas, se comparadas ao catolicismo romano, tiveram influência insignificante na celebração do Natal como dia sagrado pelos ingleses do século XIX, de modo que, dada a natureza do público imediato de Spurgeon, sua generalização se justifica em alguma medida.
5. Na quarta postagem da série O irracional dos racionalismos, o André me dirigiu esta pergunta:
"Dado que a Revelação é dirigida aos homens, por que Cristo Nosso Deus não a tornaria totalmente acessível à mais alta das faculdades humanas, a razão?"
Sobre os problemas a que leva a visão racionalista das Escrituras, creio ter feito um bom resumo na terceira parte da mesma série. Posso acrescentar, contudo, duas observações. A primeira é que na verdade não creio que a razão seja a "mais alta das faculdades humanas", e não estou muito certo de que o próprio André Luiz pensa de fato assim. Eu aprecio aquela velha distinção, que encontrei pela primeira vez em Boécio, entre razão e inteligência, e tendo a pensar naquela como apenas um componente desta, um dos meios de que dispomos para chegar à verdade. A segunda observação, ligada à primeira, é que a razão não é capaz de funcionar bem ao trabalhar sobre assuntos com os quais a inteligência não conviveu o suficiente. Sendo assim, a Escritura, ao revelar realidades que só vivenciamos pela fé (pelo ensino e testemunho do Espírito Santo) e em medida limitada, não pode fazê-las absolutamente claras à razão humana. Aliás, a própria ideia de uma "razão humana" abstratamente isolada das demais faculdades humanas, inclusive espirituais, parece-me absurda.
6. Na segunda parte de Desamparo e entrega, a respeito de um comentário que fiz, de passagem, sobre as diferenças entre os quatro evangelhos, o André perguntou:
"Já ouviste falar sobre o 'evangelho tetramorfo', por meio do qual os Padres da Igreja defendiam que cada um dos evangelistas falava de Cristo sob um dos aspectos do Verbo encarnado presenciados na visão de Ezequiel e na de São João Teólogo, a saber, o Touro, o Homem, a Águia e o Leão? Talvez ajude, d'alguma forma, a elucidar a questão."
4. No post Lições de uma noite, em que fiz transcrições e comentários sobre um sermão natalino de Charles Spurgeon, o André destacou o trecho em que o pregador diz:
"Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e a observância dele é puramente de origem papal - sem dúvida os que são católicos têm o direito de reivindicá-lo - mas não posso entender como os protestantes consistentes podem tê-lo de alguma maneira como sagrado."
E, sobre esse trecho, levantou as seguintes questões:
"Mas por que Spurgeon afirma com tanta convicção que não há probabilidade de Nosso Senhor ter nascido na data assignalada? E como assim 'de origem papal'? Se fosse de origem papal, porque então nós, ortodoxos, tão contrários ao papismo, a comemoramos na mesma data?"
Quanto à primeira pergunta, tudo o que posso dizer é que existe entre os protestantes (mas não só entre os protestantes) um lugar-comum nesse sentido, baseado, se não me engano, em considerações sobre os supostos hábitos dos pastores de ovelhas da Palestina. Quanto à validade histórica dessas suposições, nada sei, e muito menos se o meio teológico reformado inglês do século XIX tinha acesso a essas informações (ou equívocos). Desse modo, não posso responder a essa pergunta por pura falta de conhecimento, o qual, por sua vez, deriva de minha falta de interesse no assunto. Mas estou ciente de que alguns defendem a historicidade do nascimento de Cristo em 25 de dezembro, entre os quais o historiador católico Vittorio Messori (aqui), que ganhou meu respeito graças a um livro muito bom sobre o "Jesus histórico".
Quanto à outra pergunta, creio que Spurgeon cometeu de fato uma imprecisão histórica. E esta, por sua vez, é reveladora da falta de conhecimento e de atenção que a cristandade ocidental, principalmente protestante, dispensa às igrejas do Oriente. Eu mesmo sou bastante ignorante quanto à teologia ortodoxa, e esse é um defeito que pretendo começar a corrigir - em parte, talvez, com a ajuda do próprio André. Por outro lado, é certo que as Igrejas Ortodoxas, se comparadas ao catolicismo romano, tiveram influência insignificante na celebração do Natal como dia sagrado pelos ingleses do século XIX, de modo que, dada a natureza do público imediato de Spurgeon, sua generalização se justifica em alguma medida.
5. Na quarta postagem da série O irracional dos racionalismos, o André me dirigiu esta pergunta:
"Dado que a Revelação é dirigida aos homens, por que Cristo Nosso Deus não a tornaria totalmente acessível à mais alta das faculdades humanas, a razão?"
Sobre os problemas a que leva a visão racionalista das Escrituras, creio ter feito um bom resumo na terceira parte da mesma série. Posso acrescentar, contudo, duas observações. A primeira é que na verdade não creio que a razão seja a "mais alta das faculdades humanas", e não estou muito certo de que o próprio André Luiz pensa de fato assim. Eu aprecio aquela velha distinção, que encontrei pela primeira vez em Boécio, entre razão e inteligência, e tendo a pensar naquela como apenas um componente desta, um dos meios de que dispomos para chegar à verdade. A segunda observação, ligada à primeira, é que a razão não é capaz de funcionar bem ao trabalhar sobre assuntos com os quais a inteligência não conviveu o suficiente. Sendo assim, a Escritura, ao revelar realidades que só vivenciamos pela fé (pelo ensino e testemunho do Espírito Santo) e em medida limitada, não pode fazê-las absolutamente claras à razão humana. Aliás, a própria ideia de uma "razão humana" abstratamente isolada das demais faculdades humanas, inclusive espirituais, parece-me absurda.
6. Na segunda parte de Desamparo e entrega, a respeito de um comentário que fiz, de passagem, sobre as diferenças entre os quatro evangelhos, o André perguntou:
"Já ouviste falar sobre o 'evangelho tetramorfo', por meio do qual os Padres da Igreja defendiam que cada um dos evangelistas falava de Cristo sob um dos aspectos do Verbo encarnado presenciados na visão de Ezequiel e na de São João Teólogo, a saber, o Touro, o Homem, a Águia e o Leão? Talvez ajude, d'alguma forma, a elucidar a questão."
Tenho uma vaga lembrança de um ou outro animal sendo apontado como símbolo de um ou outro evangelho. Mas não sabia que existia uma reflexão teológica mais sistematizada sobre o tema, e tampouco da associação com as visões de Ezequiel. O assunto parece interessante, e procurarei me informar a respeito. Agradeço ao André mais uma vez, e agradecerei mais ainda se surgirem boas indicações bibliográficas.
7. Na segunda parte de A verdadeira inteligência, em que transcrevi uma tradução feita por mim mesmo de um trecho de A consolação da filosofia, de Boécio - sem, contudo, acrescentar-lhe comentário algum -, o André perguntou:
"Em que pontos tu discordas da abordagem de Boécio?"
7. Na segunda parte de A verdadeira inteligência, em que transcrevi uma tradução feita por mim mesmo de um trecho de A consolação da filosofia, de Boécio - sem, contudo, acrescentar-lhe comentário algum -, o André perguntou:
"Em que pontos tu discordas da abordagem de Boécio?"
Embora eu não tenha divulgado isso neste blog, fiz no outro um breve sumário de considerações, acordos e desacordos com relação ao trecho que traduzi. Escrevi de modo um tanto apressado e rascunhado, e alguns pontos podem ter permanecido obscuros. Mas acho que o referido post pode pelo menos servir como ponto de partida para a compreensão e discussão de minhas opiniões a respeito.
8. Sobre o post Retrato bibliográfico, em que publiquei uma lista dos vinte livros mais importantes da minha vida, o André fez um comentário algo extenso, mas que transcrevo integralmente por ter gostado muito dele:
"Lista pra lá de interessante, confrade, agradeço por fazê-la. Dando alguns pitacos, o libro do Don Richardson capta bem uma questão antropológica bastante 'inquietante' (num sentido positivo do termo). Tu conheces as obras de Mircea Eliade, um dos mais importantes historiadores da religião do úlptimo século? Recomendo vivamente obras como O sagrado e o Profano, Mito e Realidade e História das crenças e das idéias religiosas. De certa maneira, tratam do mesmo tema."
8. Sobre o post Retrato bibliográfico, em que publiquei uma lista dos vinte livros mais importantes da minha vida, o André fez um comentário algo extenso, mas que transcrevo integralmente por ter gostado muito dele:
"Lista pra lá de interessante, confrade, agradeço por fazê-la. Dando alguns pitacos, o libro do Don Richardson capta bem uma questão antropológica bastante 'inquietante' (num sentido positivo do termo). Tu conheces as obras de Mircea Eliade, um dos mais importantes historiadores da religião do úlptimo século? Recomendo vivamente obras como O sagrado e o Profano, Mito e Realidade e História das crenças e das idéias religiosas. De certa maneira, tratam do mesmo tema."
Faço uma pausa aqui. Conheço, sim, embora superficialmente, a obra de Eliade, que de fato é muito interessante. Li parte de O sagrado e o profano, e creio que já li algo sobre as outras obras citadas. Recentemente vi alguns volumes da História das crenças e das ideias religiosas em uma livraria, e por pouco não os comprei. Pretendo vir a conhecê-lo bem melhor, inclusive porque o próprio André Luiz, embora talvez sem querer, me incentivou a isso há algum tempo. Há pouca semelhança de ideias ou de abordagens entre Eliade e Richardson, mas o assunto me interessa muito de ambos os modos. Agradeço ao André pelas recomendações. Mas ele disse mais:
"Eu gosto do Filosofias da Índia, do Zimmer, é uma boa introdução a vários aspectos do pensamento indiano. Mas há muitas falhas no libro, que é marcado ainda por certos vícios orientalistas e visa defender uma tese historicista sobre a articulação entre as várias idéias e darshanas da Índia. A melhor introdução às tradições desta terra são, segundo entendo, Introdução Geral ao Estudo das Doutrinas Hindús e O Homem e seu devir segundo o Vedanta, do René Guénon; e os libros Hinduísmo e Budismo e Hindus e Budistas, de Ananda K. Coomaraswamy."
"Eu gosto do Filosofias da Índia, do Zimmer, é uma boa introdução a vários aspectos do pensamento indiano. Mas há muitas falhas no libro, que é marcado ainda por certos vícios orientalistas e visa defender uma tese historicista sobre a articulação entre as várias idéias e darshanas da Índia. A melhor introdução às tradições desta terra são, segundo entendo, Introdução Geral ao Estudo das Doutrinas Hindús e O Homem e seu devir segundo o Vedanta, do René Guénon; e os libros Hinduísmo e Budismo e Hindus e Budistas, de Ananda K. Coomaraswamy."
Eu desconheço detalhes sobre os problemas com os posicionamentos de Zimmer, mas lembro-me de ter notado alguns pontos discutíveis em sua abordagem, talvez por conta da influência junguiana. Se eu o tivesse lido mais tarde na vida, poderia ter me impressionado menos. Mas, tendo sido ele o primeiro a me apresentar de modo mais profundo as religiões indianas, devo-lhe muito, apesar de suas falhas, e é nesse sentido que ele merece um lugar na minha lista. Quanto a Guénon e Coomaraswamy, li alguma coisa de ambos; pouco, mas suficiente para pretender conhecer melhor esses também. Por mais que se discorde deles, são autores de quem se pode aprender muito.
2 comentários:
Muitos defendem que a data do nascimento de Jesus em dezembro é impossível por causa da data de nascimento de João Batista, inferida da turma sacerdotal a que pertencia seu pai. Talvez Spurgeon fosse adepto dessa vertente.
André,
O livro do Zimmer, "Filosofias da Índia", foi recomendado pelo prof. Luiz Gonzaga de Carvalho em seu curso de religiões comparados. Nunca li o livro, mas considerando o cacife do referido professor (que é filho do Olavo de Carvalho), eu me arriscaria a colocar sob suspeita a opinião do André Luiz! Rsrs...
Quanto aos livros do Guénon, no mesmo curso houve recomendação para que fosse lido primeiro "O Homem e seu devir segundo o Vedanta", pois ele dá uma boa introdução ao Hinduísmo a partir das categorias do pensamento ocidental, como se fosse uma "tradução" para nossa linguagem. Já o outro livro do Guénon citado pelo André Luiz foi recomendado apenas para aqueles que desejam se aprofundar no estudo de Hinduísmo.
Caso seja esse o seu caso, fica a dica de outro livro sobre o assunto, que é outra recomendação do prof. Luiz Gonzaga:
Müller, F. Max. Six Systems of Indian Philosophy. Kessinger
Publishing, 2003
Grande abraço e bons estudos!
Rodrigo
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